Startup Bionow vai produzir biocarbono em São Gonçalo do Rio Abaixo
A Celulose Nipo-Brasileira S.A (Cenibra) e a Vale, por meio da subsidiária Bionow S.A. vão produzir biocarbono de alta densidade - um agente redutor sólido e combustível produzido a partir de biomassa certificada por meio de pirólise (carbonização) e processamento de alta pressão na fábrica da Bionow, em São Gonçalo do Rio Abaixo, Minas Gerais. A Vale detém 50,1% e a Cenibra 49,9% na Bionow, startup criada pela Vale, em 2022, para o desenvolvimento de soluções de biocarbono, um produto baseado em biomassa como alternativa sustentável ao carvão mineral e ao gás natural.
São Gonçalo do Rio Abaixo, município localizado a 87 km da capital mineira e inserido no Colar Metropolitano, dá um passo importante rumo ao futuro ao concretizar um movimento que poucos municípios mineradores no Brasil conseguiram realizar até aqui: trabalhar para transformar uma economia tradicionalmente dependente do minério em um ecossistema diversificado, inovador e sustentável. A unidade, prevista para entrar em operação até o final de 2027, vai produzir biocarbono de alta densidade a partir de eucalipto certificado, um insumo capaz de substituir carvão mineral e gás natural em processos industriais, especialmente na siderurgia. Trata-se de um dos caminhos mais promissores da agenda global de descarbonização e economia verde.
A Cenibra diz que está alinhada à filosofia do Grupo Oji Holdings e sua visão de longo prazo, com o objetivo de transformar seu portfólio de negócios e contribuir para um futuro sustentável. “Este investimento marca um passo estratégico para a realização de um futuro positivo para a natureza, pela entrada no negócio de biocarbono, reduzindo o impacto ambiental e experimentando o crescimento significativo do mercado”, trouxe em seu anúncio oficial de 13 de novembro.
Já a Vale afirma estar comprometida em atingir emissões líquidas zero de carbono até 2050 por meio de iniciativas como a substituição de combustíveis fósseis em suas operações e a adoção de energia renovável. A mineradora estabeleceu também uma meta de reduzir suas emissões de escopo 3 em 15% até 2035 por meio de parcerias com clientes e fornecedores estratégicos.
O projeto acontecerá com base no Prospera+, um programa de desenvolvimento econômico da prefeitura mineira, e com capacidade de organizar ferramentas de atração de investimentos, criar condições fiscais favoráveis e preparar mão de obra local para setores emergentes. O Prospera+ reúne um conjunto de pilares que estruturam a estratégia de desenvolvimento do município, incluindo áreas industriais e infraestrutura logística prontas para receber novas empresas; uma política de incentivos fiscais competitiva e transparente; programas de qualificação profissional alinhados às demandas reais da indústria; estímulo ao empreendedorismo e ao fortalecimento de pequenos negócios; além de ações de governança, licenciamento e segurança jurídica para investidores.
Esse conjunto de medidas vem reposicionando o município como um hub industrial e tecnológico, deixando de ser apenas um território de mineração para se tornar um ambiente de negócios atrativo para novos setores. Com a chegada da Bionow, o município se posiciona no centro da agenda nacional de descarbonização e reafirma que o planejamento antecipado, a diversificação econômica e a capacidade de articulação institucional podem transformar a realidade de cidades mineradoras, preparando-as não apenas para sobreviver à transição, mas para liderá-la. "A Bionow coloca São Gonçalo na rota da descarbonização. É uma indústria de alta tecnologia, que acelera a transição sustentável, gera empregos qualificados, traz renda para a região e faz da cidade uma referência em inovação verde”, exalta o prefeito Raimundo Nonato Barcelos "Nozinho".
São Gonçalo do Rio Abaixo foi escolhido por critérios estratégicos que o posicionam como um destino competitivo: localização geográfica favorável a grandes mercados e centros produtores; logística consolidada pela BR-381 e conexões regionais; infraestrutura industrial, reduzindo custos de implantação; ambiente regulatório estável e reconhecido pelo setor produtivo; compromisso municipal com a transição energética e economia verde; proximidade com base florestal certificada da Cenibra, garantindo matéria-prima sustentável; capacidade de articulação do poder público, permitindo agilidade e segurança jurídica. Com isso, São Gonçalo passa a integrar o mapa nacional da inovação em bioenergia, setor prioritário nas estratégias de neutralidade climática de grandes empresas e uma ampla política pública para atração de investimentos. A implantação da Bionow contribuirá para impulsionar uma nova matriz econômica na região, produzindo efeitos que vão muito além da geração de empregos diretos. No âmbito local, o investimento vai contribuir para promover a diversificação da base produtiva e reduzir a dependência da mineração, ampliar a arrecadação municipal, atrair novos fornecedores e empresas satélites, fortalecer o setor de serviços e comércio e estimular a formação técnica e a qualificação profissional da população. Em escala mais ampla, para Minas Gerais e para o Brasil, o projeto representa um avanço na produção nacional de insumos voltados à descarbonização, contribui para a redução de emissões na cadeia siderúrgica, fortalece a bioeconomia como alternativa à matriz fóssil e estabelece um modelo de política pública e desenvolvimento econômico potencialmente replicável em outros municípios mineradores.