Crise Hídrica bate à porta e afeta abastecimento
O Sistema Cantareira, principal manancial que abastece a Região Metropolitana de São Paulo e parte significativa da cidade de Atibaia, atingiu níveis críticos de armazenamento. Em dados divulgados em 4 de dezembro de 2025 pela Sala de Situação PCJ, o volume útil do sistema caiu para apenas 20,3%, disparando o “sinal vermelho” para toda a região atendida.
Segundo relatório técnico, o reservatório tem perdido cerca de 0,2% de sua capacidade a cada dia — ritmo que, na ausência de chuvas expressivas, pode levar o sistema da atual fase de restrição para uma fase especial em aproximadamente quatro dias. Essa mudança implicará na diminuição da captação de água pela Sabesp, de 23 m³/s para 15,5 m³/s, além de reduzir transferências para a bacia PCJ, o que compromete o abastecimento de dezenas de municípios.
Em Atibaia, a baixa do Cantareira já tem impacto direto no abastecimento. A vazão reduzida pressiona os mananciais locais — como o Rio Atibaia e o Córrego do Onofre —, essenciais para atender a população. Muitos trechos da cidade dependem exclusivamente dessas fontes, o que torna a situação especialmente delicada.
Dado o quadro de escassez hídrica, a administração municipal e o SAAE reforçam o apelo à população para adotar com urgência práticas de uso consciente da água. Entre as recomendações estão: evitar lavagem de calçadas e veículos, reduzir o tempo de banho, fechar torneiras durante escovações de dentes e lavagem de louça, consertar vazamentos, reutilizar água sempre que possível, e usar a máquina de lavar apenas com carga completa.
Especialistas alertam que, em um contexto de crescimento urbano e consumo crescente, a capacidade da infraestrutura hídrica já vinha sendo sobrecarregada — algo que se torna insustentável com a atual crise. Somado ao calor intenso e à irregularidade das chuvas, o cenário aponta para um risco real de desabastecimento, caso a população e as autoridades não adotem medidas imediatas de contenção e planejamento.
A situação do Cantareira escancara a fragilidade da dependência de grandes reservatórios e ressalta a urgência de repensar os padrões de consumo e a gestão hídrica na região — sobretudo em municípios como Atibaia, onde a retirada desequilibrada e a falta de chuvas tornam o abastecimento vulnerável.