Bacia do Rio Pinheiros deve ter impacto socioeconômico de R$ 8 bilhões

16/06/2025
O déficit relativo de abastecimento de água na Bacia do Rio Pinheiros foi de 0,6% da população, uma marca muito inferior à média do estado de São Paulo, que foi de 4,9% da população, e à média de 15,8% registrada no Brasil.

O Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria, divulgou o novo estudo "Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento na Bacia do Rio Pinheiros" que avaliou o balanço entre custos e benefícios da universalização do saneamento na Bacia do Rio Pinheiros (composta por São Paulo, Embu das Artes e Taboão da Serra), na Região Metropolitana de São Paulo, com ênfase nos impactos econômicos do Projeto Novo Rio Pinheiros. Em 2022, apenas 19,8 mil pessoas ainda moravam em residências sem acesso à água tratada na Bacia do Rio Pinheiros, o que correspondeu a 0,9% do déficit de abastecimento de água no estado de São Paulo e apenas 0,1% do brasileiro. O déficit relativo de abastecimento de água na Bacia do Rio Pinheiros foi de 0,6% da população, uma marca muito inferior à média do estado de São Paulo, que foi de 4,9% da população, e à média de 15,8% registrada no Brasil. Por essa razão, atesta-se que o abastecimento de água estava efetivamente universalizado em 2022.

No caso do acesso à coleta de esgoto, o déficit é de 107,9 mil habitantes que moravam em residências sem coleta de esgoto. Em termos relativos, isso indica que 3,4% da população da bacia não estava ligada à rede geral de esgoto. Esse foi um índice inferior às médias do estado de São Paulo e do Brasil. Em relação ao tratamento de esgoto, no ano de 2022, 96,0% do esgoto coletado na Bacia do Rio Pinheiros recebeu tratamento antes do descarte, ou seja, 142,7 milhões de m³ dos 148,6 milhões de m³ coletados foram tratados naquele ano. Nos últimos 22 anos, 589 mil moradores da região da Bacia do Rio Pinheiros passaram a ter acesso ao serviço de abastecimento de água tratada e 840 mil passaram a ter acesso ao serviço de coleta de esgoto em suas residências por meio de redes coletoras. Entre 2000 e 2022 constatou-se redução de 3,7% ao ano no número de internações por doenças de veiculação hídrica e respiratórias na população residente na Bacia do Rio Pinheiros. O valor presente da economia total com a melhoria das condições de saúde da população do estado entre 2000 e 2022 foi de R$ 1,503 bilhão, que resultou num ganho anual de R$ 68,329 milhões.

O levantamento apontou que houve um aumento de produtividade devido à dinâmica do saneamento na Bacia do Rio Pinheiros. O valor presente do aumento de renda do trabalho com a expansão do saneamento entre 2000 e 2022 foi de R$ 661,718 milhões, que resultou num ganho anual de R$ 30,78 milhões. Entre 2000 e 2022, o valor presente dos ganhos com o turismo alcançou R$ 486,933 milhões, indicando um fluxo médio anual de R$ 22,133 milhões no período. Esse ganho foi fruto da valorização ambiental obtida com a despoluição dos rios e córregos da capital e com ampliação da oferta universal de água tratada em algumas localidades. Além do balanço entre custos e benefícios durante o processo passado de universalização do saneamento, período em que se investiu mais para reduzir os déficits históricos de saneamento na bacia, sobretudo os de coleta e tratamento de esgoto, deve-se considerar o legado que a universalização deixará para o futuro. Após a universalização, os ganhos com a redução de externalidades negativas na saúde, produtividade e valorização ambiental perdurarão para sempre, excedendo, portanto, o próprio período da universalização que foi alcançado em 2022.

Estima-se que os ganhos de renda total serão de R$ 11,609 bilhões no período pós 2022. Com isso, os benefícios totalizarão R$ 17,056 bilhões. Os custos totais para manter a universalização serão de aproximadamente R$ 8,996 bilhões após 2022.Desta forma, o balanço da universalização do saneamento deve ser acrescido um saldo de perpetuidade no valor de R$ 8,059 bilhões. O Projeto Novo Rio Pinheiros se enquadrou no processo de universalização do saneamento na Bacia do Rio Pinheiros, com foco específico na despoluição do Rio Pinheiros por meio da destinação do esgoto residencial produzido na região para tratamento. Para apresentar as estimativas do balanço entre benefícios e custos econômicos do pacote de obras, leva-se em consideração dois períodos: o período de 2020 a 2022, quando foram realizadas as obras e já foram percebidos alguns ganhos, e período pós-2022, quando serão percebidos os legados do projeto. Além dos benefícios das externalidades, há os ganhos de geração de renda que vêm com o investimento realizado até 2022 e os que serão realizados no futuro para a manutenção dos equipamentos e redes de saneamento. Estima-se que os ganhos de renda total alcancem R$ 2,133 bilhões no período pós-2020. Com isso, os benefícios totalizarão R$ 2,786 bilhões de 2020 em diante. Os custos totais relativos ao projeto Novo Rio Pinheiros serão de aproximadamente R$ 1,698 bilhão, sendo R$ 813,896 milhões realizados entre 2020 e 2022 e R$ 88,413 milhões realiza dos após 2022. Considerando os ganhos brutos obtidos no projeto Novo Rio Pinheiros, chega-se a um total de ganhos líquidos de bem-estar de R$ 1,088 bilhão desde 2020 que foram citados anteriormente. “Os resultados mostram que o saneamento básico é investimento com retorno garantido. Na Bacia do Rio Pinheiros, entre 2000 e 2022, foram gerados benefícios de quase R$ 8 bilhões e o legado da universalização proporcionará mais R$ 8 bilhões em ganhos socioeconômicos. O acesso pleno ao saneamento resulta em menos doenças, mais produtividade, preservação da natureza e impulso ao turismo. Além de todos os benefícios econômicos e ambientais, o saneamento é um poderoso instrumento de inclusão social. Ao garantir água tratada e coleta adequada de esgoto, regiões e populações antes excluídas passam a ter oportunidades reais de desenvolvimento. São vidas transformadas por meio do saneamento básico. Reverter décadas de degradação ambiental é uma ação que devolverá à população um rio mais limpo, mas também dignidade e qualidade de vida aos habitantes”, disse Luana Pretto, Presidente Executiva do Instituto Trata Brasil.