Projetos de saneamento voltados às mulheres
O Ministério da Saúde, por meio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), e a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), lançaram as ações "Mulheres: Saúde Ambiental e Saneamento Rural", com o tema "Transformando a vida das Marias".
Estruturado em três etapas, o objetivo do projeto é integrar e promover políticas públicas relacionadas à água e saneamento rural com a população mais atingida e vulnerável, principalmente as mulheres que vivem em regiões de seca e difícil acesso à água tratada. As ações serão focadas em entender como a população feminina é afetada por esses problemas e como conscientizar e reverter esse quadro.
As ações serão feitas em parceria com o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Cariri Ocidental (Cisco), região semiárida da Paraíba escolhida para receber o projeto piloto. Ao todo, são 18 municípios selecionados - área de abrangência das ações do Cisco - que possuem população vulnerável e renda per capita baixa. “Cada real investido em saneamento, geralmente, retira quatro reais de necessidade de aporte no atendimento em saúde. Então, entendemos que saneamento básico é investimento”, afirmou o diretor da OEI no Brasil, Raphael Callou. “Pela primeira vez, dentro do marco do saneamento, se coloca um protagonismo nas mulheres dentro da política pública”, completou o diretor.
Na primeira etapa, consultores selecionados irão coletar dados para uma pesquisa qualitativa e quantitativa sobre a realidade das mulheres nessa região, relacionada ao saneamento básico e acesso à água. Depois, duas capacitações com mais de 50 lideranças do setor irão tratar desse tema, com foco na conscientização sobre o papel da mulher nessas questões, com palestras e workshops.
Na terceira etapa, mais de 50 oficinas com lideranças locais irão tratar desse tema e de várias ações, como construção de banheiro seco, reaproveitamento de água, acesso ao microcrédito e manejo de resíduos sólidos. Todas as ações do projeto são baseadas em experiências já feitas em outros países. A expectativa é que todo o processo seja concluído até o fim de 2023. Estima-se que aproximadamente 15,8 milhões de mulheres não têm acesso à água tratada no Brasil, e que mais de 40 milhões de brasileiras sejam impactadas pela falta de coleta de esgoto. “As mulheres são mais impactadas com ausência de serviços de saneamento básico”, destacou o presidente substituto da Funasa, Paulo Martinho, ao comentar que, tradicionalmente, acaba ficando com a mulher a responsabilidade da gestão da água nos lares.
Dados do Sistema Único de Saúde (Datasus) apontam que 273 mil internações aconteceram em razão de doenças causadas por água não tratada ou contaminada nos hospitais da rede pública, em 2019. Do total de internações, 141 mil (51,6%) eram mulheres e 132 mil eram homens (48,4%). O acesso pleno ao saneamento pode reduzir em 63,4% a incidência de doenças ginecológicas na população feminina com idade entre 12 e 55 anos.