No Nordeste, mais de 90 mil internações por saneamento inadequado

15/10/2025
O Maranhão liderou os casos com 32,1 mil internações, seguido pela Bahia com 24,2 mil casos, Ceará com 12,2 mil e Pernambuco com 8,2 mil.

Um estudo do Instituto Trata Brasil constatou que o Nordeste teve mais de 93 mil internações por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) em 2024, o que representa 27,2% do total nacional. O Maranhão liderou os casos com 32,1 mil internações, seguido pela Bahia com 24,2 mil casos, Ceará com 12,2 mil e Pernambuco com 8,2 mil. Esse cenário é explicado pela precariedade da infraestrutura básica na região, como evidenciam os números do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento Básico (SNIS) de 2022. Mais de 13 milhões de habitantes no Nordeste não têm acesso à água potável, e quase 38 milhões vivem sem coleta de esgoto. Diariamente, um volume equivalente a quase 1,4 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento é despejado no meio ambiente da região, agravando os riscos à saúde pública e ao ecossistema.

O estudo do Trata Brasil revela que 77% das internações no Nordeste são causadas por doenças de transmissão feco-oral, o que evidencia que a maioria dos casos poderia ser evitado com medidas básicas de saneamento. As doenças de transmissão feco-oral resultaram em 72,2 mil internações, enquanto as doenças transmitidas por inseto vetor foram responsáveis por 19,7 mil casos. Além do impacto na saúde da população, essas hospitalizações provocam uma sobrecarga significativa no Sistema Único de Saúde (SUS) e custos substanciais. Em 2024, o Nordeste teve despesas de mais de R$ 42,7 milhões com internações relacionadas à falta de saneamento. Desse total, 73,2% (R$ 31,258 milhões) foram gastos com internações por doenças de transmissão feco-oral.

Para mudar esse panorama, a universalização do saneamento deve ocorrer em um ritmo muito mais acelerado do que o atual, com o objetivo de melhorar a expectativa e qualidade de vida das populações mais vulneráveis. A redução das internações por DRSAI aliviaria o sistema de saúde, permitindo que recursos fossem redirecionados para outras áreas. Além disso, melhorias no saneamento básico têm impactos positivos na educação, na produtividade e na qualidade de vida geral da população.