Cagece quer transformar concentrado salino em insumos de valor agregado
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) com o apoio da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) promoveu encontro internacional para debater rotas para o aproveitamento sustentável da salmoura gerada por plantas de dessalinização. A iniciativa ganhou relevância frente ao avanço do projeto da Dessal do Ceará, que irá ampliar a oferta de água para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
O evento realizado dia 10 de setembro na sede da FIEC integra as ações do projeto colaborativo SmartBrine, que conta com a parceria entre a Cagece e instituições holandesas como a NHL Stenden | University of Applied Sciences e a Haskoning. “O objetivo é avaliar tecnicamente e economicamente soluções que permitam transformar o concentrado salino gerado pela dessalinização da água marinha em um insumo de alto valor, como produtos químicos, minerais e até fonte de energia”, disse Silvano Porto, especialista da Cagece em dessalinização. Além da Dessal do Ceará, a proposta também visa avaliar possibilidades de comercializar a salmoura da planta de dessalinização que está sendo construída no município de Caucaia e também de rejeitos gerados pelo Complexo Industrial do Porto do Pecém (CIPP).
O Governo cearense e a Holanda buscam soluções tecnológicas e modelos de negócio que tornem a valorização da salmoura economicamente viável para o Ceará. “Esse projeto nasceu de uma ideia que tivemos há alguns anos. O governo holandês fez uma chamada específica para alguns países, entre eles o Brasil, e a Cagece apresentou uma proposta no ano passado que foi aprovada em janeiro deste ano”, explica. Todo o projeto está sendo desenvolvido com recurso holandês de 150 mil euros e caminha para que seja finalizado no primeiro semestre de 2026 já com algumas alternativas de novos produtos, trazendo além da tecnologia, também possíveis interessados que possam participar na produção e uso do material reaproveitado.
Ronner Gondim, superintendente de Sustentabilidade da Cagece, diz que o SmartBrine é um projeto que exige uma conexão forte entre diversos atores interessados em comprar possíveis produtos provenientes da salmoura da dessalinização e também de parceiros tecnológicos que possam apoiar essa transformação e produção de novos produtos. “A gente acredita que isso vai gerar produtos interessantes para a indústria”, destaca. Além da Cagece e de instituições holandesas, o trabalho colaborativo conta ainda com o apoio da FIEC, do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) , DA Utilitas, NL Netherlands e Da Secretaria das Relações Internacionais do Governo do Ceará. Com esta iniciativa, a expectativa dos organizadores é fortalecer a ponte entre pesquisa, indústria e políticas públicas que possam fortalecer a adoção de práticas sustentáveis no Ceará, abrindo novas frentes de negócio para o desenvolvimento do estado.