Energia solar é mais cara na cidade que sediará a COP30

31/07/2025
Com Belém no topo do ranking de despesas, especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas e crédito acessível.

A escolha de Belém (PA) como sede da COP 30, ganhou destaque não apenas pelo simbolismo ambiental e geoestratégico da Amazônia, mas também por revelar desafios logísticos e econômicos atrelados àimplantação de projetos de energia solar na região.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil apresenta o mais elevado custo de capital (WACC) entre as economias emergentes na instalação de grandes usinas solares. Em usinas de 100 MW, esses custos variam entre 5,7% e 17,3%, com uma média de 11,3%, superando Índia, México e Indonésia, onde a média linguisticamente mais baixa facilita o avanço de projetos fotovoltaicos.

Esse custo elevado reflete a combinação de fatores como juros internos elevados, incerteza regulatória e complexidade nos processos de licenciamento e financiamento. Ainda que o país tenha investido fortemente e alcançado a posição de quarto maior mercado solar do mundo — com quase 19 GW adicionados em 2024 e quase 56 GW em operação, representando cerca de 22,5% da capacidade elétrica nacional — a competitividade de novos projetos esbarra na elevação dos recursos financeiros exigidos.

Na esteira da COP30, esse contexto econômico intensifica a necessidade de o Brasil articular políticas públicas que reduzam os custos de implantação da energia solar. A consolidação de marcos regulatórios estáveis, facilitação de contratos de compra de energia (PPAs), linhas de crédito com melhores taxas e incentivos fiscais podem baixar o custo de capital e ampliar o alcance da transição energética justa e inclusiva.