UE chega a um acordo, mas aquém de responsabilidade histórica

06/11/2025
A meta de reduzir as emissões em 66,25% a 72,5% até 2035 impede que a UE chegue à COP30 de mãos vazias, mas os atrasos, as divisões internas e as tentativas de enfraquecer a ambição.

Menos de uma semana antes da abertura da COP30 em Belém, os ministros do Meio Ambiente da União Europeia chegaram a um acordo de última hora sobre a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para 2035 – o plano formal de ação climática da UE no âmbito do Acordo de Paris. A meta de reduzir as emissões em 66,25% a 72,5% até 2035 impede que a UE chegue à COP30 de mãos vazias, mas os atrasos, as divisões internas e as tentativas de enfraquecer a ambição, inclusive pressionando pela utilização de créditos de carbono por parte da França, Polônia, Hungria e Itália, expuseram profundas fissuras dentro do bloco.

O último Relatório sobre a Lacuna de Emissões da ONU, divulgado dia 4 de novembro ontem deixa claro: o Acordo de Paris está em estado crítico. Enquanto os líderes da UE se dirigem a Belém para participar do segmento de alto nível, o bloco europeu tem a responsabilidade de demonstrar ambição e unidade agora mais do que nunca. “A UE não irá a Belém de mãos vazias, mas a sua meta fica aquém do que a crise climática exige e está muito aquém da responsabilidade histórica da Europa. Se o bloco quiser manter a sua credibilidade, tanto a nível global como perante os seus próprios cidadãos, esta meta deve ser encarada como o mínimo exigido, e não o máximo. A UE não pode ignorar a sua dívida climática para com as populações mais afetadas em todo o mundo. Em Belém, a UE deve estar preparada para discutir a necessidade de aumentar o financiamento público sem dívidas, para apoiar as comunidades na aceleração da sua transição para energias limpas e na adaptação às crises climáticas. Isto não é caridade nem solidariedade, mas sim responsabilidade”, diz Fanny Petitbon, líder da equipe 350.org França.