Sabesp quer reduzir emissões em 15% até 2025
Com base nos dados reais do inventário de emissões, a Sabesp pretende reduzir em 15% as emissões de escopos 1, 2 e 3 até 2035, tendo como base o inventário de 2024. Para isso, a companhia irá adotar novas tecnologias no tratamento de esgoto, autoprodução e uso de energia limpa. Há o plano também de expansão do volume de esgoto tratado, com vistas à universalização dos serviços de água e esgotamento sanitário, além de contemplar reduções significativas nas emissões absolutas e relativas de gases de efeito estufa. Pelo plano, a intensidade das emissões — isto é, a quantidade de CO₂ equivalente emitida para cada mil metros cúbicos de esgoto tratado — cairá 41%, passando de 1,61 tCO₂e/1.000 m³ para 0,94 tCO₂e/1.000 m³ até 2035. No Escopo 2, que reúne as emissões associadas à eletricidade comprada para operar estações e sistemas, a redução projetada é de 43% com base em três frentes simultâneas: autogeração da energia consumida, maior uso de fontes limpas e ganho de eficiência. Considerando o conjunto dos itens cobertos pela meta — Escopos 1, 2 e parte do 3 — a queda é de 15% em relação a 2024.
O Escopo 1 são as emissões que acontecem dentro da própria operação (como o combustível usado pela frota e geradores, os processos de tratamento e as chamadas emissões “fugitivas” de metano nas ETEs), enquanto no Escopo 2 são as emissões indiretas ligadas à eletricidade adquirida pela empresa. Já o Escopo 3 equivale a outras emissões indiretas ao longo da cadeia, como fornecedores e logística. No caso do saneamento, a Sabesp adota uma prática mais abrangente e inclui no inventário o componente associado ao esgoto que ainda não é coletado e tratado sob sua área de atendimento. À medida que redes e estações avançam com a universalização, esse componente cai de forma estrutural, migrando para o Escopo 1 de maneira menos intensa.
A Sabesp reconhece que reduzir emissões enquanto aumenta o volume de esgoto tratado é um desafio técnico, uma vez que o tratamento tende a elevar emissões de processo, sobretudo metano. Para combater isso, a empresa planeja modernizar ETEs, controlar emissões fugitivas, digitalização e eficiência operacional, além de uma nova estratégia de energia que combina autogeração, contratos de longo prazo com fontes renováveis e gestão ativa de consumo. Adicionalmente, a companhia investirá também em reflorestamento em áreas estratégicas, priorizando mananciais e territórios vulneráveis, o que reforça qualidade da água, serviços ecossistêmicos e adaptação climática.
Os investimentos climáticos estão embutidos no plano maior da companhia. O contrato que antecipa a universalização para 2029 prevê cerca de R$ 70 bilhões em obras e modernização. Tudo parte da mesma equação: ampliar cobertura de água e esgoto, melhorar a qualidade dos rios e baixar a “intensidade” da pegada de carbono da operação. “É um compromisso de entrega, com linha de base, horizonte, orçamento e governança. Fomos além do padrão ao incluir no inventário o impacto do esgoto que ainda não é tratado. Também vamos reflorestar áreas de mananciais, ano após ano, reforçando a qualidade da água e a adaptação climática. É clima, água e pessoas no mesmo plano”, diz Samanta Souza, diretora-executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade da companhia.
Para a diretora de Sustentabilidade, Rachel Sampaio, a combinação de engenharia e gestão explica a queda na intensidade: “Reduzir 41% a intensidade de emissões enquanto ampliamos o volume de esgoto tratado exige ETEs mais eficientes, melhor controle do metano e uma matriz elétrica mais limpa. O resultado é menos impacto climático, rios mais saudáveis e mais segurança hídrica, enquanto o diretor-executivo de Finanças e de Relações com Investidores, Daniel Szlak, considera a atratividade econômica como parte central da proposta: “A redução de 43% no Escopo 2 vem da autogeração e da eficiência. As melhorias de processo sustentam a queda de intensidade de 41%. São metas auditáveis e acompanhadas publicamente, alinhadas ao ciclo de obras da universalização”.
Ao reconhecer no inventário o componente de emissões ligado ao esgoto ainda não tratado e ao vinculá-lo a um cronograma de obras que o reduz estruturalmente, a Sabesp torna mais transparente o impacto climático do saneamento e oferece um roteiro de transição possível para megacidades. É com essa combinação de universalização, justiça climática e finanças sustentáveis que a companhia chega à COP30, com a expectativa de engajar parceiros públicos e privados em soluções escaláveis para água e esgoto. A Companhia também se compromete em dar visibilidade para o cumprimento anual da meta em seu relatório de sustentabilidade e em seus canais.