Presidências da COP16 e da COP17 se unem para combater degradação e seca

26/09/2025
As secas já aumentaram em quase um terço desde 2000 e estão atingindo o mundo com mais força e frequência e acaba com vidas, provocam perdas econômicas maiores ou afetam mais setores da sociedade.

As presidências da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD) – COP16 (Reino da Arábia Saudita) e COP17 (Mongólia) se uniram para sustentar o impulso político e o engajamento financeiro para a restauração global de terras e a resiliência à seca. O evento conjunto, realizado paralelamente à Assembleia Geral da ONU em Nova York, reuniu líderes, ministros, organizações internacionais e parceiros do setor privado. A degradação do solo já afeta até 40% das terras do mundo e compromete a segurança alimentar e hídrica e os meios de subsistência de quase metade da humanidade. Os sistemas alimentares insustentáveis são responsáveis pela maior parte do desmatamento e da perda de biodiversidade em todo o mundo

As secas já aumentaram em quase um terço desde 2000 e estão atingindo o mundo com mais força e frequência e acaba com vidas, provocam perdas econômicas maiores ou afetam mais setores da sociedade, que atualmente causa mais de US$ 307 bilhões em prejuízos a cada ano. Se a tendência continuar, três em cada quatro pessoas no mundo serão afetadas até 2050, sendo os países em desenvolvimento os mais afetados. No entanto, as contribuições do setor privado representam atualmente apenas 6% do financiamento global nessa área. Fechar essa lacuna é essencial para traduzir compromissos políticos em impacto na prática.

Na COP16 em Riad, em 2024, os países se uniram em torno de uma nova visão de resiliência e lançaram a Parceria Global de Riad para Resiliência à Seca que mobiliza mais de US$ 12 bilhões em promessas. Na COP17 em Ulaanbaatar, em 2026, coincidirá com o Ano Internacional das Pastagens e dos Pastores, destacando os ecossistemas que sustentam centenas de milhões de pessoas e são essenciais para a estabilidade climática. As pastagens cobrem mais da metade da superfície da Terra, sustentam o sustento direto de 500 milhões de pessoas e fornecem um sexto das necessidades nutricionais do mundo.

As presidências da COP16 e da COP17 enfatizaram a importância da continuidade, da solidariedade e da ambição. “Na COP16, em Riad, os países se uniram para lançar uma nova visão para a gestão sustentável da terra e mobilizar compromissos sem precedentes para combater a desertificação. Hoje, estamos aproveitando esse impulso, trabalhando em conjunto com a Mongólia, a UNCCD e parceiros em todo o mundo para garantir que esses compromissos se traduzam em ações que protejam as pessoas, as economias e os ecossistemas dos crescentes impactos da degradação da terra e da seca”, comentou Sr. Osama Faqeeha, Vice-Ministro do Meio Ambiente, Água e Agricultura do Reino da Arábia Saudita, na Presidência da COP16 da UNCCD. Battsetseg Batmunkh, Ministra das Relações Exteriores da Mongólia, enfatizou: “Este encontro é a nossa tentativa de construir uma ponte — uma ponte que conecte nossa ambição compartilhada de acelerar a ação global contra a desertificação, a degradação do solo, a restauração de terras e a resiliência à seca. Como anfitriã da COP17 e como uma nação com conhecimento milenar que vive em harmonia com a natureza, a Mongólia adota práticas que aumentam a produtividade e, ao mesmo tempo, preservam os ecossistemas”.

Battsetseg Batmunkh falou da liderança da Mongólia em agricultura regenerativa, sistemas de pastagem sustentáveis, soluções baseadas na natureza e solos saudáveis. Olhando para o futuro, a Ministra Battsetseg enfatizou a necessidade urgente de repensar os modelos de financiamento. "Os instrumentos tradicionais de investimento não são mais suficientes", afirmou. "Precisamos de ferramentas financeiras baseadas em resultados que recompensem resultados mensuráveis — sejam pastagens restauradas, melhor retenção de água ou redução das perdas por seca”. Nesse contexto, o encontro em Nova York deu grande ênfase à mobilização de financiamento e parcerias para ampliar soluções – tanto para o desenvolvimento da resiliência à seca quanto para o apoio às comunidades pastoris. O setor privado é um parceiro fundamental em nossa jornada rumo à resiliência à seca, fornecendo investimento, inovação e capacidade de expansão.

Falando em nome do Secretariado da UNCCD, Andrea Meza, Secretário Executivo Adjunto, abordou o papel central da restauração de terras e da resiliência: "A restauração de terras e a resiliência à seca não são apenas imperativos ambientais; são pilares da paz, da prosperidade e do desenvolvimento sustentável. A restauração de pastagens, savanas e terras agrícolas fortalece a segurança alimentar e hídrica. Cria empregos, apoia pastores e agricultores e proporciona esperança e dignidade às comunidades na linha de frente das mudanças climáticas. Com a liderança das presidências da COP16 e da COP17, do Reino da Arábia Saudita e da Mongólia e o engajamento do setor privado, temos uma oportunidade única de ampliar soluções que protejam nossas terras, nosso clima e nosso futuro." Os participantes também apresentaram mecanismos de financiamento inovadores, como o Fundo de Investimento para Resiliência à Seca (DRIF), juntamente com financiamento combinado, modelos de seguros e projetos financiáveis. Instituições financeiras internacionais, bancos de desenvolvimento e o setor privado apresentaram soluções tangíveis para a restauração de terras e o fortalecimento das economias locais. O DRIF, desenvolvido em parceria com Luxemburgo, visa mobilizar investimentos do setor privado para a resiliência à seca.

No discurso principal, André Hoffmann, copresidente interino do Fórum Econômico Mundial, destacou a urgência da colaboração global: “A natureza não é apenas mais um recurso – é a base de toda prosperidade. Secas e degradação da terra são lembretes claros de que excedemos os limites desse capital natural. O caminho a seguir é uma nova natureza de negócios: uma economia onde governos, empresas e cidadãos unem forças para restaurar terras, proteger a água e construir resiliência duradoura. Este não é apenas um imperativo moral, mas também um pré-requisito para a estabilidade econômica e social”.  Encerrando o evento, os líderes reafirmaram que promover a restauração da terra e a resiliência à seca é uma prioridade global – essencial para garantir alimentos e água, fortalecer as economias locais e proteger o clima para as gerações futuras.