Internações por doenças ligadas ao saneamento disparam no país
Um recente levantamento do Instituto Trata Brasil revelou que, em 2024, quase 350 mil pessoas foram internadas em hospitais por doenças relacionadas à precariedade do saneamento básico, como acesso deficiente à água tratada e ausência de rede de esgoto urbana. O número só tende a aumentar: antes, eram registradas cerca de 270 mil internações por esses fatores em anos anteriores.
A dengue e outras arboviroses lideram as internações, sinalizando a forte ligação entre saneamento precário e o aumento desses casos. A falta de abastecimento regular de água obriga muitas famílias a estocarem o recurso em recipientes que se tornam criadouros do Aedes aegypti. Além disso, a água contaminada presente em esgotos a céu aberto também pode servir como ambiente propício para a reprodução dos mosquitos.
Doenças transmitidas por via fecal‑oral, como diarreias e gastroenterites, estão entre as principais causas de hospitalização, respondendo por quase metade das internações ligadas a saneamento inadequado no país. Entre os mais vulneráveis estão crianças de zero a quatro anos, com mais de 70 mil internações, além de idosos acima dos 60 anos, cujos casos superaram 81 mil em 2024.
O aumento das internações por falta de saneamento básico acende um alerta sobre o impacto na saúde pública e no orçamento do sistema de saúde. O Brasil ainda registra percentuais elevados de população sem acesso à coleta ou tratamento de esgoto — áreas Norte e Nordeste são as mais críticas. Especialistas defendem a necessidade de fortalecer políticas públicas, investir na universalização do saneamento básico e acelerar a implementação do Plano Nacional de Saneamento e do Marco Legal, com metas claras até 2033.