Estudo da Esalq/USP mostra aumento da turbidez

27/08/2021
Os resultados reforçam a importância de coletar dados sobre custos sanitários e qualidade dos mananciais.

A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) desenvolveu, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada, projeto para medir o impacto que a qualidade de água nos mananciais tem sobre os custos de tratamento de água para a população. De autoria de André Felipe Danelon, a pesquisa tem orientação do professor Humberto Francisco Silva Spolador, do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, e testou diferentes indicadores de qualidade ambiental em um modelo econômico com o objetivo de encontrar indicadores apropriados para tais análises econômicas-ambientais.

"Pelo nosso modelo, encontramos que a turbidez é um parâmetro significativo para esse tipo de análise. Esse resultado obtido é corroborado por outros trabalhos em diferentes países. Para o Brasil, estimamos que o aumento de 1% na turbidez média leva ao aumento de 0.12% nos custos", conta o pesquisador. Ao estimar o impacto econômico da qualidade das águas nos custos de produção, segundo Danelon, é possível avaliar uma série de custos ambientais associado à poluição dos mananciais que são, indiretamente, passados para a população através das contas de água. "Identificar apropriadamente tais indicadores é uma oportunidade para estimar como a emissão de esgoto não tratado, bem como o desmatamento pela expansão urbana e agrícola, afetam os custos de saneamento", complementa.

Os resultados reforçam a importância de coletar dados sobre custos sanitários e qualidade dos mananciais para o aprimoramento de políticas públicas. "Especificamente, ressalta-se a importância em divulgar os pontos nos quais as companhias de saneamento captam água, bem como múltiplos indicadores de qualidade da água nesses pontos de coleta. Essas medidas são essenciais para aprimorar análises econômico-ambientais e fomentar políticas ambientais e sanitárias", finaliza.

O parâmetro da turbidez pode ser alterado por diferentes motivos, como a erosão do solo (na ausência de mata ciliar), despejo de esgoto urbano e rural não tratado e resíduos de mineração. Há casos em que a turbidez é alterada naturalmente, como, por exemplo, em eventos de chuva e ventos fortes, que revolvem os sedimentos do manancial, ou regiões em que a turbidez já é mais elevada como em alguns rios e riachos (por exemplo, alguns rios amazônicos ricos em material particulado em suspensão).

O estudo está publicado no periódico Ecological Economics e pode ser lido na íntegra  pelo https://bit.ly/3xWPCNl.