Encontro discute tecnologias para gestão da água e mediação de conflitos
O 26º Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (Encob) apresentou uma série de experiências como o uso de tecnologias para monitoramento hídrico à mediação de conflitos em bacias com escassez de água, que mostraram como o estado tem lidado com os desafios da gestão hídrica. O evento aconteceu entre os dias 8 e 12 de setembro em Vitória (ES), e contou com representantes dos 14 Comitês baianos que participaram de cinco painéis temáticos com foco em inovação, governança e enfrentamento da crise climática.
A delegação baiana esteve entre as maiores do encontro, que reuniu gestores públicos, pesquisadores, técnicos e membros da sociedade civil de todas as regiões do Brasil. “Temos realidades muito distintas entre os territórios. A troca de experiências é essencial para avançar na gestão participativa e no uso sustentável da água”, afirmou Marcos Bernardes, coordenador adjunto do Fórum Baiano de Comitês de Bacias Hidrográficas. O painel “Gestão da Água: Conexões que Fortalecem” teve a participação de Enéas Porto, secretário do CBH Grande, que destacou a experiência da agricultura irrigada no oeste da Bahia e a necessidade de conectar práticas produtivas a estratégias de conservação. “A gestão integrada é uma exigência da crise climática. O monitoramento das águas e o uso eficiente nos processos produtivos são pontos centrais para garantir segurança hídrica nos próximos anos”, disse.
No dia 10 ocorreu também o debate “Usos Não Consuntivos da Água” abordou a função ecológica dos corpos hídricos e os impactos do lazer e da pesca na sustentabilidade. O painel teve a mediação de Walter Guerra (INEMA) e apresentação de Ricardo Jucá (CBH Rio das Contas), ambos da Bahia. No último dia de evento, Larissa Cayres compartilhou casos de mediação de conflitos envolvendo o uso da água em bacias como São Francisco, Corrente e Paso. Ao participar do painel “Água em Disputa: Mediação de Conflitos, Pactuação e Governança Hídrica”, ela defendeu que os comitês atuem de forma preventiva, com regras claras e pactuação entre os diferentes setores usuários. “A experiência mostra que os comitês precisam estar preparados para mediar tensões e planejar o uso da água com base na escuta dos territórios”, destacou.
Outro destaque da delegação baiana foi o painel sobre tecnologia na gestão hídrica, apresentado por Marcos Bernardes. A experiência com monitoramento via Internet das Coisas (IoT), aplicada em projetos no estado, foi apresentada como exemplo de como reduzir custos, ampliar o controle sobre a qualidade da água e fortalecer a participação comunitária nos processos de gestão. Além dos painéis, os representantes dos CBHs da Bahia participaram da Feira das Águas, das jornadas de capacitação e de encontros técnicos com órgãos do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh). A presença no Encob 2025 fortaleceu a articulação entre comitês de diferentes regiões do Brasil e apontou caminhos para ampliar a governança da água em tempos de incerteza climática.