Planeta recicla apenas 1,28% de resíduo

17/07/2021
"A produção do plástico no mundo hoje é muito superior à nossa capacidade de reciclagem deste tipo de resíduo."

Criado pela ONG australiana Plastic Free Foundation, o movimento ‘Julho sem plástico’ tem a proposta anual de que se reduza o uso de materiais plásticos presentes no dia a dia. Segundo a organização, das 11,3 milhões de toneladas de resíduo plástico produzidas por ano, apenas 1,28% são recicladas. O índice não é nada perante os mais de 400 milhões de toneladas de plástico que são produzidas por ano no mundo, piorando o estado de poluição no meio ambiente. 

O conscientizador ambiental e fundador da Oceano Resíduos, Rafael Zarvos, comenta que sempre foi crítica. "Criei a Oceano em junho de 2019, quando a discussão sobre o tema era muito relevante. Vemos que as grandes empresas do mercado que apresentam soluções acabam focando no descarte empresarial, que não deixa de ser importante, mas ainda não é o suficiente, se no dia a dia, o cidadão não tem acesso a alguma forma de coleta adequada", explica o empresário. 

Entre os produtos descartados de forma incorreta estão materiais como cotonetes, copos, garrafas, embalagens de produtos de beleza, etc. "Sabemos que já existem os substitutos mais sustentáveis, mas ainda assim há a preocupação com o uso dos recursos naturais e o acesso a essas opções acabam sendo mais caras, impactando o bolso das pessoas”. Para Zarvos, o ideal seria diminuir o consumo desenfreado, e às vezes até desnecessário, alertando para a conscientização. “A produção do plástico no mundo hoje é muito superior à nossa capacidade de reciclagem deste tipo de resíduo. A conta não fecha, e por isso a urgência em repensarmos as nossas escolhas", alerta Zarvos.

Segundo a ONU Meio Ambiente, os oceanos recebem anualmente 12,7 milhões de toneladas de plástico, o que é uma ameaça à sobrevivência da vida marinha. E, com esta quantidade cada vez maior de plásticos nos oceanos, é muito provável que o ser humano que consome animais marinhos esteja ingerindo plástico. "Nossas cadeias já estão contaminadas com micro plástico. Encontramos os mais diversos estudos sobre esse tema. O descarte nos oceanos não só provoca essa transmissão via alimentação, como também já se sabe que o micro plástico contaminou as chuvas", complementa o especialista. 

Estudos apontam a absorção de microplásticos pelas raízes, bem como essas partículas também são encontradas em diferentes áreas do nosso corpo como fígado. Recentemente, uma pesquisa brasileira encontrou nos pulmões de voluntários. "Eles foram parar nos pulmões por conta da inalação. Os microplásticos se ligam a micropartículas poluentes ou mesmo vírus e bactéria, sendo inalados por nós. Estamos cada vez mais vendo a natureza dar sinais e não podemos ignorá-los", finaliza Rafael Zarvos.