MME Reforça Planejamento Climático na geração energética

11/11/2025
Novo estudo do MME orienta o planejamento da geração frente aos efeitos das mudanças climáticas.

O Ministério de Minas e Energia (MME) divulgou recentemente o estudo intitulado “Impactos das Mudanças Climáticas no Planejamento da Geração de Energia Elétrica”, que marca um novo momento de articulação entre ciência climática e políticas de infraestrutura energética. Em um contexto de transição energética e de crescente instabilidade meteorológica, o estudo busca incorporar cenários futuros de clima ao planejamento da matriz elétrica nacional — o que, segundo especialistas, é passo fundamental para aumentar a resiliência do setor e reduzir custos operacionais.

De acordo com o documento, torna-se premente incluir variáveis como precipitação, temperatura, irradiação solar e regimes de vento nos modelos de expansão e operação elétrica, uma vez que essas variáveis podem alterar de forma significativa a viabilidade de usinas — em especial hidrelétricas — e a demanda futura por energia. A participação do secretário nacional de Transição Energética e Planejamento, Gustavo Ataíde, no lançamento reforçou o recado oficial: “Antecipar cenários e adaptar a operação da matriz elétrica é fundamental para otimizar custos operacionais e orientar a transição energética com base em evidências científicas”.

O estudo está alinhado às diretrizes do Plano Nacional de Transição Energética (PLANTE), que orienta o país rumo a uma matriz mais sustentável, de baixa emissão de carbono e compatível com o compromisso de neutralidade de emissões líquidas. Nesse sentido, a iniciativa busca também assegurar que o planejamento de geração elétrica deixe de tratar o clima como variável estática e passe a considerá-lo como fator dinâmico de risco e oportunidade — uma mudança de paradigma que pode rever impactos econômicos, ambientais e regulatórios para o setor.

Especialistas ressaltam que a adoção de cenários climáticos robustos no planejamento energético pode reduzir custos operacionais em até 13 %, além de favorecer maior segurança de suprimento ante extremos meteorológicos ou hidrológicos. No Brasil, onde a geração hidrelétrica ainda predomina e depende da regularidade do regime de chuvas, incorporar essas variáveis se torna ainda mais crítico para evitar apagões, oscilações tarifárias e atrasos em obras de infraestrutura.

Agora, o grande desafio reside em transformar as recomendações do estudo em ações concretas: tornar modelos de expansão mais ágeis, integrar dados climáticos nos processos decisórios, e garantir a articulação entre governos, operadores e instituições de pesquisa. A transição energética não poderá mais ignorar os efeitos da mudança do clima — e este estudo, ao dar visibilidade ao tema, oferece um mapa de caminho para que o país avance com mais resiliência e eficiência.