Evento discute papel do setor de bens de capital na economia verde
No dia 14 de outubro, a ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos sediou o evento “Inteligência Ambiental: vetor da competitividade industrial”, reunindo lideranças empresariais, autoridades e especialistas para debater os caminhos da indústria brasileira rumo à economia de baixo carbono. Às vésperas da COP-30, que será realizada no Brasil, o encontro reforçou que a transição para economias sustentáveis e de baixo carbono não representa apenas uma exigência regulatória, mas uma oportunidade estratégica de inovação, acesso a novos mercados e geração de valor.
Com uma programação voltada às tendências globais, políticas públicas e boas práticas empresariais, o evento apresentou um panorama abrangente sobre o papel da indústria nacional na nova economia, destacando o protagonismo do setor de máquinas e equipamentos nesse processo de transformação.
Em uma das apresentações centrais, o ex-ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, abordou “O Setor de Máquinas e Equipamentos como protagonista da Nova Economia”, destacando o papel do Brasil e do setor industrial na transição para um modelo produtivo verde.
Segundo Leite, o país detém vantagens competitivas únicas, como um vasto território, matriz energética limpa e agronegócio eficiente, que o posicionam de forma estratégica na economia verde global. Ele ressaltou que o setor de máquinas e equipamentos é viabilizador de soluções sustentáveis, promovendo produtividade, inovação tecnológica e eficiência ambiental.
“Estamos diante de bilhões em oportunidades até 2030 em setores estratégicos da economia verde. O desafio é saber capturá-las com inteligência, tecnologia e planejamento”, afirmou.
Ele também destacou o papel do setor no avanço da infraestrutura ambiental e de saneamento, que deve receber cerca de R$ 700 bilhões em investimentos até 2033. As empresas de máquinas e equipamentos têm papel fundamental nesse processo, desenvolvendo soluções inovadoras como ETAs e ETEs de nova geração, sistemas de detecção e prevenção de vazamentos, tecnologias de reuso e economia circular, além de sistemas de automação e monitoramento remoto de redes.
No painel “Máquinas e Equipamentos: Protagonismo na Transição Energética e Economia de Baixo Carbono”, participaram Alberto Machado (Diretor Executivo da ABIMAQ), Daniel Godinho (Diretor de Sustentabilidade da WEG), Rafael Serpa (Diretor da Neuman & Esser) e Rodrigo Lauria (Diretor de Climate Change & Carbon da VALE), com moderação de Marcelo Freire (ex-secretário no MMA e autor das Diretrizes de Neutralidade Climática. Hoje atua no Hub de Inovação da UNFCCC e é sócio da YvY Capital e Vivens). Os debatedores ressaltaram que a inovação e a tecnologia são pilares centrais para a transição de baixo carbono, destacando o papel da “inteligência ambiental” como um novo estágio da evolução industrial. Alberto Machado apresentou uma reflexão sobre as diferentes revoluções industriais. “A 1.0 foi impulsionada pelas máquinas a vapor; a 2.0 pela energia elétrica; a 3.0 pelos computadores; a 4.0 pela big data, nuvem e inteligência artificial; e agora vivemos a 5.0 — marcada pela interconexão entre pessoas e tecnologias avançadas, voltada à sustentabilidade e à competitividade colaborativa.”
Daniel Godinho enfatizou que a sustentabilidade é um diferencial competitivo real. “O mercado busca produzir mais com menos, evitando desperdícios. A economia eficiente e conectada é o motor da transição verde. Somos o motor dessa transformação.”
O painel “Inteligência Ambiental como Vetor de Competitividade – O Caso do Agro” reuniu Alfredo Miguel (John Deere), Cristiano Del Nero (Valmont), Eduardo Bastos (ABAG) e Wanderson Tosta (Jacto), também sob moderação de Marcelo Freire. Os painelistas apresentaram cases de sucesso que evidenciam o papel estratégico da tecnologia e da automação no agronegócio brasileiro, destacando que as boas práticas reduzem emissões, otimizam recursos e geram créditos de carbono.
As soluções apresentadas incluem máquinas conectadas, sistemas de dados integrados às propriedades rurais e plataformas inteligentes, que fortalecem a rastreabilidade e o atendimento às demandas sustentáveis de clientes e fornecedores.
“A inteligência ambiental no agro vai além da produtividade — trata-se de agregar valor, reduzir emissões e consolidar uma imagem positiva do Brasil no cenário internacional”, destacou Alfredo Miguel.
O evento reforçou que a sustentabilidade deixou de ser um custo e passou a ser uma vantagem estratégica, capaz de gerar ganhos reais de produtividade, eficiência e inovação. Com o olhar voltado para a economia de baixo carbono, o setor de máquinas e equipamentos se consolida como um protagonista essencial da nova economia brasileira, liderando a integração entre tecnologia, meio ambiente e desenvolvimento econômico.